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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Delta Tejo - crítica Culturesco

Vem atrasada, ok, mesmo muito atrasada, mas vem. Nas linhas que se seguem vamos relembrar o que vivemos no Festival Delta Tejo deste ano. O bom e o mau. Sem fotografias, que essas serão colocadas no espaço do Culturesco no Facebook.
O primeiro dia do Festival trouxe até nós como cabeça de cartaz Shaggy. Mas trouxe-nos mais que isso: trouxe-nos Natiruts a abrir o palco principal. Quanto a esta actuação não podemos dizer nada, porque vimos metade da última música e a despedida da banda do palco. Se chegámos atrasados ao recinto? Não! Estivemos cerca de uma hora na entrada, entre troca de bilhete por pulseira, revista policial, entrada, subir até poder entrar realmente no recinto foi-se o concerto dos Natiruts. Neste ponto a nossa opinião quanto a organização era demasiado negativa. Mas enfim, a noite ainda era uma criança e passaram pelo palco principal Carlinhos Brown que nos surpreendeu pela positiva contagiando praticamente todo o público. Tempo para subirem ao palco as batidas do kuduro dos Buraka Som Sitema - e neste ponto as opiniões divergem: uns criticam os demasiados palavrões e o tom "agressivo" que fez deste concerto para alguns, o pior da primeira noite; mas as opiniões são, como dissemos, diferentes e houve quem referisse este concerto como o momento alto do Festival. Depois do kuduro dos Buraka, chegaram ao palco os ritmos quentes na voz de Shaggy, e aqui novamente divisão de opiniões: uns acharam-no um concerto demasiado apegado a sucessos, e com pouco risco. Outros acharam-no o melhor concerto, por isso mesmo: recheado de sucessos de Shaggy e não só.
Mas, e ao contrário do que esperávamos, não existiam mais 2 palcos, existia um palco que a meio da noite mudava de nome, mas apenas no papel, e neste palco destacamos Expensive Soul que mataram saudades de actuar visto terem estado afastados algum tempo e só agora estarem a regressar com a apresentação de novo álbum. E tivemos pena de ser em simultâneo com o concerto de Shaggy, o que nos obrigou a ver apenas metade de cada concerto. Encerrado o palco principal, o público mais resistente rumou ao palco secundário e aproveitou para celebrar com os Nu Soul Family, projecto que alguns desconheciam, mas que parece ter agradado aos presentes.

Segundo dia de festival: menos confusão e mais organização à entrada: ainda bem! Deste dia destacamos a actuação de Ana Carolina que fez as delícias do público maioritariamente brasileiro. A iniciar o palco principal esteve Susana Félix que com algum público já animava o Alto da Ajuda, seguiu-se o fado de Ana Moura, que soube muito bem cativar os presentes, tempo para a chagada de Ana Carolina que cantou e encantou num ambiente entre o nostálgico, o sentimental e o "quase-depressivo" que fez os presentes e fãs assumidos cantar a plenos pulmões. Para os que não estavam nessa disposição, Mary B já desempenhava o seu set de dj na perfeição, com fraca audiência, mas com animação. Uma óptima forma de escapar aos sentimentos esvoaçantes que se encontravam no palco principal. Tempo para ver a cabeça de cartaz que chamava menos gente do que a sua antecessora: Nneka. Uma música repleta de boas energias, ideal para terminar a noite dedicada às mulheres: quer em cima do palco, quer na plateia. Existe, no entanto, uma crítica a fazer: o Delta Tejo é o primeiro festival a acontecer (em termos de calendarização) que integra o MusiCard CP (passe de acesso a 4 festivais com campismo e transporte nos comboios CP assegurado), e é neste último aspecto que existe uma crítica. No Super Bock Super Rock, no Sudoeste TMN e no Super Bock Surf Fest existe um autocarro que faz o transporte da estação CP para o recinto que é gratuito para os CP Cards, e no Delta Tejo, da estação CP para o recinto, a única hipótese era de autocarro Carris em que a viagem tinha o preço único de €1,45 (porque tinha acabado de se verificar o aumento dos preços). E como se não bastasse esse facto, e apesar de os comboios CP terem uma parceria com o Festival e com a Organização, não se verificaram comboios extraordinários, o que nos obrigou a, uma vez que tínhamos de nos deslocar de transportes públicos a ter uma despesa nas viagens de autocarros Carris que não estava prevista e a termos de abandonar o recinto ainda com o último artista em palco, para podermos ir no último comboio, neste caso da linha de Cascais. Fica referenciado o aspecto negativo.

Quanto ao terceiro dia nada há a dizer, porque gostamos de dizer apenas com conhecimento de causa, e o que aconteceu foi que a equipa Culturesco não encontrou motivos para ir ao último dia do festival, que ao que sabemos, oficialmente, foi o mais concorrido.
De uma forma geral julgámos este Festival pensado para o público brasileiro que acorreu à chamada e marcou uma presença demasiado sentida. Bom para o público brasileiro, mas o que achamos é que este festival tem sido, nas suas edições anteriores um festival diversificado e pensado para chegar a várias nações, e neste o que sentimos é que a nação brasileira foi a "nação" do festival, o que não nos impede de pensar neste como um festival importante no panorama actual, até porque se afasta dos grandes nomes anglo-saxónicos e nos traz outros grandes artistas de países que em termos musicais, e à semelhança de Portugal, ainda têm um longo caminho a percorrer para se afirmar, mas que produzem, naturalmente, música de grande qualidade.

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