DIZ-NOS O QUE ACHAS:

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Agenda Culturesco

1 de Outubro, sexta-feira - Comemorações do Dia Mundial da Música:

- OqueStrada, Praça do Rossio - Lisboa;

- Blind Zero, Hard Club - Porto;

- Camané, Praça da República - Aveiro;

- António Pinho Vargas, Mosteiro Santa Maria da Flor - Crato;

- Krzysftof Jabloonski - Sintra;

- Lara Li, Maxime - Lisboa;

- António Vitorino d'Almeida, Teatro Municipal da Guarda - Guarda;

- 9.ª Sinfonia de Beethoven - Guimarães.

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5 de Outubro, terça-feira - Implantação da República e comemorações do Centenário da República:

- «Viva a República! 1910-2010», exposição, Cordoaria Nacional;

- «Incrível Tasca Móvel», concerto, Praça do Rossio;

- «Silva Monteiro. Desenho Humurístico n'Os Ridículos (1908-1926)», exposição, Museu Rafael Bordalo Pinheiro;

- «Portugal 2010 - Exposição Mundial de Filatelia», exposição, Feira Internacional de Lisboa;

- «O Mistério da Camioneta Fantasma», teatro, Teatro A Barraca;

- Vera Prokic, concerto, Paços do Concelho - Lisboa.

- Toda a programação nacional no site das Comemorações do Centenário da República (aqui).

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Outras sugestões:

- «Répteis», teatro, Teatro Municipal Mirita Casimiro - Cascais;

- «O Gesto Orelhudo», festival musicomédia, Águeda;

- «O Corpo Branco», dança, Culturgest - Lisboa;

- «Talk Show», dança, Teatro Municipal de Portimão - Portimão;

- «Afinal para que serve a Arte?», debate, Culturgest - Lisboa;

- «Faust», concerto, Teatro Maria Matos - Lisboa;

- «Um Louco na Minha Cama», teatro, Teatro Turim - Lisboa;

- «Guns n' Roses», concerto, Pavilhão Atlântico - Lisboa;

- «Amy Macdonald», concerto, Coliseu dos Recreios - Lisboa;

- «Placebo», concerto, Coliseu dos Recreios - Lisboa;

- «Metamorphosis», concerto, Coliseu dos Recreios - Lisboa;

- «Um Eléctrico Chamado Desejo», teatro, Teatro Nacional D. M.ª II - Lisboa;

- «O Homem Elefante», teatro, Teatro Nacional D. M.ª II - Lisboa.

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* Ao clicar em cima de cada evento terá acesso directo a informação mais detalhada, através de hiperligações apenas para mensagens publicadas no blogue, e assim com total segurança. Qualquer alteração de programação, preço, ou de outra ordem é da exclusiva responsabilidade dos intervenientes.

Até para a próxima quinta, com uma «Agenda Culturesco» com novas sugestões, mas menos extensa (já sem Dia Mundial da Música e sem Dia de Implantação da República). Diz-nos o que achaste desta primeira «Agenda Culturesco»!

«O Homem Elefante» - Teatro Nacional D. M.ª II

Muito se fala d' «O Eléctrico Chamado Desejo», mas a outra sala do Teatro Nacional acolhe «O Homem Elefante», uma encenação de Sandra Faleiro com Rita Lello, Ricardo Neves-Neves, Renato Borges, António Mortágua, Manuel Coelho, Carina Reis e António Fonseca, que contam uma história sobre «a alienação e a solidão» tendo por base a história verídica de Jonh Merrick. Esta história merece a nossa atenção e naturalmente a nossa visita. Já foi levada à tela tendo Anthony Hopkins como protagonista. Para ver até 31 de Outubro de quarta a domingo.

«Um Eléctrico Chamado Desejo» - Teatro Nacional D. M.ª II

O texto é de Tennessee Williams, a encenação de Diogo Infante. É a bandeira da reentré do Teatro Nacional e está em cena até 31 de Outubro. E mais do que contar com Alexandra Lencastre (no seu regresso aos palcos 12 anos depois), conta com alguns dos melhores actores no sector dos trintas: Lúcia Moniz, Albano Jerónimo e Pedro Laginha, entre outros. Para ver de quarta a domingo.

«Metamorphosis» - Coliseu dos Recreios

E é Yolanda Soares que nos traz a metamorfose da sua música, no dia 5 de Outubro, o Coliseu dos Recreios receberá «uma metamorfose musical e pessoal que reflecte a sociedade e mulher do século XXI», num rock sinfónico-electrónico que depois de Lisboa irá, com certeza encantar o público portuense (no dia 8 de Outubro).

«Placebo» - Coliseu dos Recreios

E é no dia 7 de Outubro que se dá o muito aguardado concerto dos Placebo. A banda de Brian Molko já por cá passou algumas vezes e parecem não ter razões de queixa, assim, espera-se outra grande noite na sala lisboeta, com música e muitas emoções!

«Amy Macdonald» - Coliseu dos Recreios

Passou por Lisboa no dia dedicado à família do Rock in Rio Lisboa 2010, e não desapontou, exemplo disso foi a data logo marcada para o Coliseu lisboeta. Espera-se uma noite simples, mas com ritmo, como Amy já nos habituou, para ver hoje, quinta-feira, dia 30.

«Guns n' Roses» - Pavilhão Atlântico

A conhecida banda rock traz à sala lisboeta o seu mais recente espectáculo. Com alguns (consideráveis) atrasos e problemas muito badalados neste verão, a expectativa é grande no regresso a terras portuguesas da banda norte-americana que tem em Axl Rose a sua voz e cara mais contestatária. É esperada uma grande noite de rock em Lisboa... sem atrasos!

«Um Louco na Minha Cama» - Teatro Turim

Peça que já foi levada à cena por Joana Alvarenga e por Tiago Barroso, é agora reposta com o mesmo, mas desta vez acompanhado por Margarida Moreira. Conta as aventuras entre uma mulher desesperada à beira do suicídio e um operador de um linha de voz amiga. A encenação é de Attilio Riccó, e é levada à cena no renovado e reaberto Teatro Turim, para ver até 31 de Outubro, de quarta a domingo.

«Faust» - Maria Matos

É para ver e ouvir no dia 6 de Outubro no Teatro Maria Matos, em Lisboa, a banda que «conseguiu executar uma das mais bombásticas revoluções musicais do século passado», mantendo actualmente «toda a energia, criatividade e ousadia» que desde início vêm imprimindo na sua música. O bilhete é entre 15€ e 7,50€, para apreciar a partir das 22.00h. No dia seguinte (7/10) há workshop com a banda entre as 19.00h e as 22.00h.

«Afinal para que serve a Arte?» - Culturgest

É esta a pergunta de partida, e a qual se espera ver respondida no debate organizado pela Culturgest e pelo Intitute of Ideas de Londres. Preço único de 5€, promete ser um debate interessante e actual, para marcar presença na próxima quarta-feira, dia 6 de Outubro, na Culturgest.

«Talk Show» - Teatro Municipal de Portimão

Espectáculo de dança de Rui Horta para ver no Teatro Municipal de Portimão. Um espectáculo que é apresentado como um "road movie do corpo", para ver por 5€ estudantes, e 10€ bilhete normal.

«O Corpo Branco» - Culturgest

No título original The White Body, «O Corpo Branco» traz a Portugal um espectáculo de dança de Ea Sola. Um espectáculo para três bailarinos e um recitante que está apenas em cena dia 29 (ontem) e dia 30 (hoje), no palco da Culturgest, pelo preço normal de 18€, e de estudante apenas 5€. É de aproveitar!

«O Gesto Orelhudo» - Águeda



E Águeda recebe pela 9.ª vez o Festival "O Gesto Orelhudo". Um sugestão forte que nos chegou e que achámos bastante merecedora de divulgação. Nas palavras da organização «a programação contempla uma diversidade performativa na fusão de música, teatro, clown, humor e dança, reunindo grupos e artistas de Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Brasil e Austrália», e apresenta-se como um daqueles eventos que temos mesmo vontade de ir. Fosse Águeda mais perto, a conjuntura económica outra e o sistema universitário outro, que já estávamos a caminho. Mas para quem pondera ir, ou quer conhecer, visitem o site (clicar aqui) e consultem toda a excelente programação. Um evento a estar atento!

«Répteis» - Teatro Municipal Mirita Casimiro

Para ver até dia 3 de Outubro, no palco do Teatro Mirita Casimiro. Uma peça que conta a aventura que é levar um espectáculo à cena sem dinheiro, em que a vida real se mistura com a ficção, com personagens com os nomes dos actores e uma vida, que podia ser a de qualquer um deles. Peça de Miguel Graça, com Joana Castro, Luís Lobão, Pedro Caeiro, Renato Pino e Tomás Alves. Para o estudante é só 5€, o Culturesco já viu e aconselha! [crítica Culturesco aqui].

Vera Prokic, Paços do Conselho

Integrado nas Comemorações do Centenário da República, o concerto de piano de Vera Prokic serve também para o lançamento do CD comemorativo do Centenário da República. Para assistir nos Paços do Conselho, em Lisboa, às 18.00h.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

«O Mistério da Camioneta Fantasma» - A Barraca

Integrada nas Comemorações do Centenário da República, o Cineteatro A Barraca leva à cena de quinta a domingo esta peça que "revela" os mistérios que ensanguentaram vidas, e que muitos anos volvidos continuam a não ser tratados como deveriam. São eles o assassinato de Machado Santos, Carlos da Maia ou António Granjo. O bilhete do estudante é 10 euros e o normal é 12,50 e é para ver até 14 de Novembro, como todos os trabalhos desta sala e do seu grupo: é obrigatório!

«Portugal 2010 - Exposição Mundial de Filatelia», FIL

Ora, "filatelia" - "ocupação em torno dos selos". É isso mesmo. Uma exposição de selos e da "arte" que é coleccionar, apreciar, criar e viver no mundo dos selos, integrada nas Comemorações do Centenário da República, com o Alto Patrocínio dos CTT - Correios de Portugal. Um exposição mundial com lugar na FIL, até 10 de Outubro, com entrada gratuita - porque não experimentar?

«Silva Monteiro. Desenho Humurístico n'Os Ridículos (1908-1926)»

Será inaugurada a 1 de Outubro, pelas 19.00h, na Galeria Bordalo Pinheiro uma exposição que recebe os desenhos de Silva Monteiro, disponíveis por Ricon Peres, em que se poderão apreciar as caricaturas do autor. Para ver até Dezembro, entrada gratuita!

«Viva a República! 1919-2010», Cordoaria Nacional

Com entrada livre e patente até Dezembro está na Cordoaria Nacional uma exposição que lembra os últimos cem anos. Organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, esta revela-se uma das exposições mais completas que estará patente por terras lisboetas.

9.ª Sinfonia de Beethoven - Guimarães

Sobem ao palco, no dia 1 de Outubro, o Coro Inter-Universitário e a Orquestra Sinfónica da ESMAE, para celebrar a música interpretando aquela que é considerada a melhor sinfonia de Beethoven. Para ver a partir das 22.00h por apenas 10.00€.

António Vitorino d'Almeida - Guarda

A convite do Teatro Municipal da Guarda, o maestro vai comemorar com música o primeiro dia de Outubro. Com um desfile de criações próprias para teatro e cinema, espera-se uma noite animada, por apenas 5.00€!

Lara Li, Maxime - Lisboa

É a apresentação, no Dia Mundial da Música do último álbum da cantora, que subirá ao palco do Maxime com Miguel Braga - com quem fez o trabalho discográfico. O trabalho conta com versões de temas de Simone de Oliveira, Paulo de Carvalho ou José Afonso. O espectáculo começa às 23.30h e custa 10.00€.

Krzysftof Jabloonski - Sintra

O nome é estranho por estas bandas e difícil de pronunciar, mas de certeza que será uma óptima forma de celebrar a música no seu dia por excelência. É-nos trazido pela Embaixada da Polónia com um concerto inteiramente dedicado a Chopin. Para ver o pianista no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. Preços entre os 10 e os 15 euros.

António Pinho Vargas, Crato

E neste dia 1 de Outubro também é uma óptima opção passar por terras alentejanas e ouvir o «Solo» de António Pinho Vargas, no Mosteiro de Santa de Flor da Rosa, no Crato. Incluído no programa do Festival PortugalJazz, o público do Crato vai poder ouvir o pianista por volta das 21.30h.

Camané, Aveiro

E para o público de Aveiro, o fadista Camané leva o seu mais recente trabalho discográfico intitulado «Do Amor e dos Dias», que serão, com certeza o assunto mais falado deste 1 de Outubro! Os amores e os dias de Camané são para ver no Teatro Aveirense, com bilhetes entre os 12 e os 16 euros.

Blind Zero - Porto

E seis meses após a edição de Luna Park - o mais recente álbum da banda - o grupo celebra o Dia Mundial da Música com o público portuense na sala em que juntos festejaram os 10 anos de estrada. Agora, com a reabertura da sala, faz todo o sentido que sejam eles a celebrar o Dia Mundial da Música com o público do Porto. Para ver e ouvir no Hard Club, por apenas 12€!

OqueStrada - «Incrível Tasca Móvel»

Surge no âmbito das comemorações do Centenário da República e abrange também o Dia Mundial da Música. É o inovador conceito de concerto num ambiente de tasca e de baile popular. A entrada é livre, mas sujeita a levantamento de senha - máximo 300 por dia. Para ver e aproveitar na Praça do Rossio nos dias 1, 2 e 3 de Outubro.

Novidades!

Amanhã, dia 30 de Setembro, vais poder encontrar aqui a primeira agenda cultural do Culturesco!
Uma sugestão de uma seguidora do blogue, que veio confirmar uma vontade inicial do Projecto Culturesco e dar-nos força para a levarmos avante.
A partir de agora, todas as quintas-feiras - o dia cultural por excelência - poderás contar com uma série de sugestões culturais que são realmente merecedoras de atenção!
E porque está aí o Dia Mundial da Música (1 de Outubro) e o feriado da Implantação da República (5 de Outubro) - com uma programação cultural acrescida pelo facto de comemorarmos o Centenário da República, a primeira «Agenda Culturesco» será rica em bons programas!
A partir de agora, todas as quintas-feiras: «Agenda Culturesco» com os eventos culturais que merecem destaque!

Estamos ainda a preparar outras novidades! Esperamos, como sempre por comentários, críticas e sugestões aqui no blogue, ou no e-mail de serviço: culturescomail@gmail.com.
Fiquem atentos e partilhem este Projecto com os vossos contactos, porque a Cultura e a Arte são de todos!

domingo, 26 de setembro de 2010

«Répteis» - Teatro Municipal Mirita Casimiro (26 de Setembro)

Sejamos rápidos, porque a peça objecto desta mensagem também o é.

Ponto 1 - actores fantásticos! Pedro Caeiro, Tomás Alves, Joana Castro, Luís Lobão e Renato Pino.

Ponto 2 - história original e próxima da realidade. São um grupo de actores, que sem dinheiro querem levar uma peça à cena. Acabam por levar a sua história de grupo e as suas vivências pessoais até ao palco. E isto é a história da peça... uma mistura de realidade e ficção, que com um fado pelo meio, um intervalo que faz parte da peça e é vivido com os actores, resulta na perfeição! Com risos, lágrimas, palavrões e o lado cru das relações muito realçado.

Ponto 3 - cenário de um quarto de um jovem actor. É este o cenário de toda a peça, que resulta exemplarmente, porque afinal, daquela maneira são os quartos de quase todos os jovens, que nos dias de hoje andam deprimidos.

Ponto 4 - boa música, bom texto, óptimo trabalho!

Ponto 5 - e só porque são cinco actores: PARABÉNS. É o que dá vontade de lhes dizer, quando no fim nos olham nos olhos enquanto os aplaudimos.

E pronto. Mais uma peça que revela o excelente Teatro que por cá se faz. E esta com actores tão jovens e com tanto para dar. Mais do que obrigatório passar pelo Teatro Municipal Mirita Casimiro até 3 de Outubro (próximo domingo) - todos os dias às 21.30. Até 25 anos é só 5€, ide, minha gente, que são os «Répteis» em Cascais!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

«Pequenos Burgueses» - pedido de desculpas

Sim, é verdade, um projecto com menos de meia dúzia de meses já tem um pedido de desculpas público a fazer. Mas há que ter a humildade de reconhecer o erro, e isso nós temos!

O erro foi escrito na mensagem acerca da peça do grupo Nós do Morro no entreMITOS'10 - «Pequenos Burgueses» [aqui]. E, como se poderá ver no comentário do actor André Santão, que está e ficará disponível na dita mensagem, assim como este pedido de desculpas, cometemos o erro de dizer que aqueles actores não o eram de formação (mais ou menos por estas palavras, porque ao longo do texto/artigo/crítica nos referimos aos mesmos como tal) chegando a usar a expressão «actores que não eram bem actores», julgando que estávamos a dar informação correcta.

A verdade é que não estávamos e aquele grupo, que conta já com 20 anos de trabalho social tem vários actores com formação e que o são por vocação e trabalho diário.

Enfim, a vida é feita desta coisas, e aqui, perante o mundo, o Culturesco pede desculpa aos visados, permitindo qualquer sentimento menos positivo que vos tenhamos provocado, foi completamente inocente. Foram já enviadas as desculpas pessoais para o actor André Santão que pedimos que as estenda a toda a sua equipa.

A mensagem não será alterada pelo período de tempo que já passou desde que foi escrita, mas o comentário a fazer a ressalva do erro, e ainda um comentário direccionando o leitor para esta mensagem ficará disponível.

Aos visados e a qualquer leitor que se tenha sentido melindrado pedimos desculpas! Caso voltem a ocorrer situações semelhantes, estaremos aqui para as assumir.

domingo, 19 de setembro de 2010

«Uma Lição dos Alóes» - Teatro Municipal Mirita Casimiro (18-09-2010)


Os Aloés são as plantas que ocupam os pensamentos da personagem do conhecido actor Jorge Silva. Ou pelo menos é isso que tenta passar, porque, em pleno regime do apartheid, isso é o que menos importa. Transpiram-se sentimentos, vão-se vivendo vidas.
Já a personagem de Elsa Valentim, chega-nos com picos de loucura tão compreensivos e perfeitos, numa mistura de recordações e sentimentos que lhe fazem viver aquelas cenas com uma intensidade justa e mais do que merecida.
Depois temos o actor Daniel Martinho, actor angolano com forte presença nos palcos, telas e televisões portuguesas, que representa, a par com a personagem de Jorge o sonho da mudança, que hoje nos parece essencial ter para sobreviver num regime daqueles.
Estes são alguns dos ingredientes que constroem «Uma Lição dos Aloés» de Athol Fugard - o segundo autor mais representado, logo depois de Shakespeare. Mas ainda existe poesia e política, ideais e ideias, esperança e amizade. Num cenário incrivelmente bem conseguido, fomos ontem ver este espectáculo ao Teatro Municipal Mirita Casimiro, no dia anterior à sua despedida deste palco de Cascais, mas com certeza em direcção a novos palcos, com a esperança de encontrar novos públicos, que compreendam a mensagem do autor, daqueles actores, do seu encenador - José Peixoto, e da companhia de Teatro dos Aloés, que 15 anos depois de ter pegado neste texto pela primeira vez, volta a trabalhá-lo, e a reparar, como passados tantos anos ainda se mantém terrivelmente actual.
O Culturesco gostou, e aconselha a todos que, se tiverem possibilidade de assistir, pelos palcos portugueses a este trabalho, não percam, porque merece!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Supertramp (12-09-2010) - crítica Culturesco

Olá, olá!

Ontem passámos por um Pavilhão Atlântico repleto de fãs saudosistas, ansiosos por relembrar a música que lhes marcou a adolescência. Entre gente que viveu os Supertramp como novidade, e gente que os reconhece passados alguns generosos anos de carreira, o Pavilhão Atlântico (Lisboa) viu de tudo. E Foram perto de 16 mil os presentes, entre eles o Culturesco!

O que achámos é que foi um concerto óptimo para fechar o verão, ou pelo menos para fechar a época de verão para os estudantes que hoje e durante esta semana retomam os estudos. O som esteve irreprensível, a banda exímia, intercalando da melhor forma os seus grandes êxitos com fantásticos solos e momentos instrumentais.

Ouvimos por lá dizer, da boca de quem foi ao concerto que deram há dois anos na mesma sala de espectáculos, que este foi «muito mais musical, mais bem construído e muito melhor conseguido» em comparação com o anterior. Nós, que só vimos a banda Inglesa desta vez, ficámos rendidos ao ouvir os grandes êxitos que acompanharam a nossa infância, quando a música que ouvíamos era uma selecção de responsabilidade parental.

Que relembrar e reviver os êxitos está na moda ninguém duvida, ao menos achamos que esta é uma boa moda!

sábado, 11 de setembro de 2010

«Pequenos Burgueses» e «Olhos nos Olhos» - entreMITOS 2010 (10 de Setembro)

Já aqui falámos do entreMITOS: que gostámos muito do conceito da Mostra e da peça «Tudo Que Existe Entre Nós» que contou com Vítor d'Andrade (o português); Bruno Huca (o moçambicano); e Leticia Liesenfeld (a brasileira), que vimos no dia 7 de Setembro.

- «Pequenos Burgueses»
E ontem foi o dia de irmos ver a peça «Pequenos Burgueses». Sabíamos que íamos ver um grupo de actores brasileiros. Actores que não eram bem actores. Fazem parte da Companhia de Teatro Nós do Morro que conta já com 20 anos de história e que começou com um projecto social muito vincado que propunha, entre outras coisas, que através do Teatro se ocupassem jovens numa actividade artística que não a da "má vida" da favela. Fomos. O que vimos foi esse grupo de actores num cenário bem idealizado, e que por ali davam vida às suas personagens. O texto é do russo Máximo Gorki e conta a história de uma família da pequena burguesia, com as crises familiares, os dramas pessoais e um contexto social bastante vincado. O grupo de actores deu-lhe uma visão própria e fê-lo com a delicadeza de quem não quer fugir do original, mas que não se coíbe de dar à história que representa um toque seu. E esse toque surge (pelo menos) na língua e na história que aquelas caras nos trazem. E trouxeram uma história familiar forte que conquistou o público presente, que, com um espectáculo de 105 minutos, só pedia um intervalo (que não existiu).

- «Olhos nos Olhos»
Antes de entrarmos para ver a peça «Pequenos Burgueses» perguntámos na bilheteira se teriam havido desistências e por isso poderíamos ver a peça que nos ia dar por 50 minutos Lourdes Norberto. A resposta foi negativa, mas a simpática equipa anotou o nosso pedido. Assim que terminámos de ver o Grupo Nós do Morro a esperança de que tivéssemos direito a uns bilhetes era muita. E surpresa: tivemos! E à hora devida, lá estávamos, ansiosos para ver "a menina que dizia versos". O espectáculo, já o sabíamos, seria pequeno. 50 minutos apenas. Mas era a Lourdes Norberto que por 5 minutos já valia a pena. A actriz que naquela tarde esteve pelo recinto do entreMITOS a saborear o seu pão com chouriço, estava já no palco à espera que o espectáculo começasse. Joana Capucho era a assistente de Lourdes que lhe dizia o tempo que faltava até entrar em cena. Paulo Valentim era o músico que tocava a guitarra portuguesa que acompanhou Lourdes nos momentos certos. O espectáculo era isso mesmo: os momentos que antecediam a entrada de Lourdes no palco, só que ela já lá estava e desfilou naqueles minutos uma vida cheia de versos - desde Cesário a Florbela, uma vida cheia de amores - a começar pelos 3 casamentos e a terminar no seu cachorro que a acompanhava naquele camarim improvisado, e uma vida cheia de Teatro - desde os 6 anos até hoje. No final o público brindou-a com um demorado, justo e honroso aplauso, muito bem rematado com um «viva a vida, viva o público, viva o Teatro!» dito por Lourdes, e nós só acrescentamos: viva a Lourdes Norberto!

- Tralha Mestiça
E esta era a surpresa da noite. Não estava destinado a ser, mas foi. O que se esperava era um happening com a figura central do actor/cantor/dançarino/entreteiner Bruno Huca. Já o conhecíamos do «5 para a meia-noite», e mais recentemente pelo fantástico «Tudo Que Existe Entre Nós» e saberíamos que num happening com ele poderíamos esperar tudo. Mas ao contrário do esperado, o happening não se realizou e Huca tomou as rédeas do entreMITOS com Gonçalo Santos numa «Tralha Mestiça» contagiante. Desde o refrão do «Balancê» da Sara Tavares até ao «Povo que Lavas no Rio», passando pela «Mãe Preta» (e que mãe...) ou pelo «Bairro Negro» de Zeca Afonso, tudo provocou largos sorrisos nos público presente. A participação de dois amigos dançarinos, de uma cantora-que já-é, e que um dia há-de ser cantora-profissional, ou de um animado grupo de espectadores que ajudavam a dar ritmo à prestação de Huca e Gonçalo. Pois que o Culturesco gostou muito! O projecto parece que já existe há 2 anos mas gosta de se manter assim, na calma do correr da vida. Com outros projectos em simultâneo, é fácil perceber que a «Tralha Mestiça» seja o escape que melhor espelha o que aqueles dois jovens talentos de Portugal gostam.

- entreMITOS 2010
E hoje é o último dia do entreMITOS 2010. Nós passámos por lá no dia 7 para ver Huca e companhia numa Bolsa de Criação Artística, e ontem (10 de Setembro) em que vimos os actores do Morro e a segunda Bolsa de Criação Artística com Lourdes Norberto, Paulo Valentim e Joana Capucho (com uma "perninha" de Vítor de Sousa). E para nós o balanço é super-positivo, e arriscamos a dizer que para a organização também será. Foi a primeira, mas esperemos que não seja a última vez que o entreMITOS se realiza. Os espectáculos todos esgotados, um ambiente fantástico, uma decoração assertiva e contagiante, actores e músicos de excepção, e claro: uma programação que só reflecte um óptimo trabalho de equipa. Da parte do Culturesco vão os mais sinceros Parabéns! E que venha o MITO para o ano (já está prometido) e o entreMITOS em 2012!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Festa do Avante - crítica Culturesco*

Falemos de Música: No primeiro dia, com as portas do recinto a abrir às 18h, o resto da noite foi preenchida pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, (Maestro Vasco Azevedo) num concerto de tributo aos 25 anos da Carvalhesa. Mário Laginha, António Victorino D´Almeida e António Rosado foram alguns dos ilustres convidados. Foi impossível assistir ao concerto na integra, no entanto, uma boa sonoridade, e um bom andamento estiveram presentes. A organização da Festa do Avante, aposta todos os anos num primeiro dia muito soft, sempre dedicado a música mais para o clássica, permitindo aos visitantes passear pelo recinto, embalados ao som de violinos, pianos, trompetes e tambores, enquanto comem uma bela sandes de Lombo de Porco.

No segundo dia, podemos deliciar-nos com Diabo na Cruz, um concerto cheio de andamento, cheio de energia, que despertou em todos nós uma vontade enorme de dançar, e acabou por tornar o sol abrasador que se fazia sentir, muito mais suportável. Este concerto contou com a presença de António Victorino D´Almeida no palco, e foi pena só ter a duração de 40 minutos, porque a energia e boa-disposição dos músicos, é contagiante. Com o avançar do dia, decidi trocar Deolinda (por não ser grande apreciadora da banda. Mas quem lá esteve, diz que foi um bom concerto) e preferi ir ver A NAIFA. Como explicar este concerto? Misturem Fado e Pop no mesmo copo, e depois digam-me o que vos deu, pode ser? É isso que são os A NAIFA. Uma banda cheia de musicalidade, na perfeita voz da Maria Antónia Mendes, óptima para balançar, e fechar um bocadinho os olhos se puder ser.

Nessa mesma noite, ainda consegui ver Bernardo Sasseti Trio (Alexandre Frazão na bateria, Carlos Barretto no baixo) num concerto que não foi banal, que teve devaneios (por parte de Sassetti), que teve momentos de explosão (por parte de Frazão) e que arrecadou muitas palmas no final. É Jazz, e o Jazz é sempre imprevisível e bom de ouvir.

Para fechar a noite, rumei ao palco principal, para tentar ouvir Pedro Abrunhosa. Não dá, não consigo. A meu ver, algo de errado se passa com aquele senhor. Um concerto incrivelmente longo, (um bom caso, onde a organização da festa, poderia estabelecer os belos 40 minutos de concerto que estipulou para todos os outros artistas.) com muita conversa, pouca música, tentativas falhadas de entertainment, e uma versão desastrosa do Hallelujah. Tocou poucas músicas, arrastava a coisa de tal maneira, que cada música acabava por ter 6 ou 7 minutos. Não, não gostei do concerto.

Passando para Domingo. Começamos o dia a ver Os Dias De Raiva. Presenteados mais uma vez com um sol abrasador, os ilustres convidados também tornaram a coisa mais fácil de suportar. Uma mistura de punk-hardcore, metal e o thrash metal, resultou num belíssimo concerto cheio de energia. Visto da segunda fila, e sem qualquer tipo de moche por perto, consegui deliciar-me com as mensagens de cada uma das músicas, com a loucura, irreverência e raiva do Carlão (vocalista e homem da minha vida) e com a constante interacção com o público. A interacção com o público, é algo que para mim, é fundamental a qualquer concerto a que vá. Aqui não faltou. Os Dias de Raiva, um projecto que já conhecia, não me desiludiu de todo. Muito pelo contrário, um estilo de música que aparentemente não parece bom de ouvir, mas que acaba por se revelar um excelente libertador de...raivas.

Seguiu-se Expensive Soul, num concerto com uma Vibe super poderosa. Puxaram tanto por nós, fizeram-nos saltar tanto, fizeram-nos gritar e bater tantas palmas. Tudo isto às quatro horas da tarde. Toda a gente conhece a sonoridade de Expensive Soul, como tal, o concerto foi isso mesmo, boa vibe, no estado mais puro. Tão puro, que os artistas nem queriam acreditar no que estavam a conseguir fazer com aquele público que alinhava em tudo o que eles sugeriam. Um concerto a recordar.

Vimos ainda Dazkarieh. Ia com expectativas altíssimas para esta banda. Talvez por isso, e aliado ao cansaço, não desfrutei em pleno deste concerto. Estive sentada, e não arranjei motivações para me levantar tirando uma ou outra altura. Pouca interacção, pouco movimento, pouco ritmo. Gostei no entanto, não tanto como estava à espera.

Para fechar a noite vi Tim e Companheiros De Aventura, um projecto que não conhecia. Ao início, com a Dulce, estava um concerto bastante calminho, e como era a última noite, a malta queria era agitação. Mas a coisa mudou de figura, quando entraram António Victorino D´Almeida, Rui Veloso, e Mário Laginha, acabando por tornar a segunda parte do concerto, cheia de ritmo e vontade de pular. Foi o encerrar perfeito para a última noite da festa. Brindaram-nos com o fantástico Postal dos Correios, com um Maria e Homem do Leme à capela.

Falemos agora de Comida: Como vos disse, a Festa do Avante, é rica em gastronomia. E mais uma vez, como era de prever, a gastronomia estava lá toda em peso. Até aqui, tudo muito bem. A tarefa de experimentar novos "pitéus" fica sempre a meio do caminho, quando nos deparávamos com as filas E-N-O-R-M-E-S e nunca rápidas, que se nos apresentavam. Os empregados da Festa do Avante já têm a sua certa idade, e não estão nada habituados a esta movimentação da "cidade", acabando por tornar o processo de pedir alguma coisa, mais demorado que o normal. A vontade perdia-se quando nos aproximávamos da Madeira, e víamos uma fila de 300 pessoas. Ainda me consegui deliciar com belas comidinhas, não seja por isso. E para vos ser sincera, acho que aquela bifana extra-picante, ainda me está aqui a trabalhar no estômago.

Falemos do Acampamento: O parque de campismo da Festa do Avante, tem muito poucas sombras, e é muito pequeno. As filas de entrada são intermináveis e é sujo. É aqui que a coisa falha muito. Chega a sexta-feira e já ninguém tem lugar no parque de campismo. Optamos por acampar numa mata ali bastante perto do recinto. Conseguimos desfrutar de boas sombras e..... mais nada. Não tínhamos casa-de-banho, mas se andássemos uns 5-7 minutos, conseguíamos ir a uma casa-de-banho que cheirava a pão. Também não tínhamos chuveiros, problema resolvido, tomando banho no recinto. Tínhamos no entanto carros de trance até às 5 ou 6 da manhã e Vuvuzelas. Mas ninguém vai a este tipo de coisas para dormir, por isso, é entrar no espírito e aguentarmo-nos à Bomboca.

Falha na Festa do Avante, os concertos só terem a duração de 40 minutos.

O saldo da Festa do Avante foi mais que positivo. É uma festa que nunca me desiludiu, que me trás sempre boas recordações, que me proporciona boa música, bom ambiente, e boa comida. É preciso mais alguma coisa para sermos felizes?

*Texto de Catarina Brandão (correspondente Culturesco na Festa do Avante).

entreMITOS 2010


Ontem já vos falámos um bocadinho do que é o entreMITOS, mas dissemo-vos que hoje vos vínhamos falar um bocadinho mais a sério e dar-lhe o merecido destaque. Quer pela iniciativa, quer pelo objectivo: merecem todo o destaque!

De 2 em 2 anos organiza-se em Oeiras a Mostra Internacional de Teatro de Oeiras - MITO, o primeiro ano foi em 2009 e o ano de 2011 será o segundo. E esta mostra traz Teatro a vários locais de Oeiras proveniente de vários países, de várias vivências transpostas para a cena por grupos que vivem o Teatro como ele merece ser vivido: com paixão. Mas do MITO falamos para o ano se por ainda cá andarmos. Hoje temos de falar-vos do entreMITOS, que como o nome indica acontece entre as Mostras Internacionais de Teatro de Oeiras, sendo por isso obrigatório falar do MITO para vos falarmos do entreMITOS.

O entreMITOS promete assim, trazer até Oeiras uma programação cultural cuidada, assertiva e apetecível a todos os amantes do Teatro e ao público em geral. Se não vejamos: todas as peças são estreias absolutas; vêm grupos de Teatro do Brasil; existem duas Bolsas Criativas, em que deram oportunidade financeira e logística a profissionais da área do Teatro para criarem algo próprio e que carregue a marca MITO depois da mostra, que se apresentem em Teatros nacionais e até internacionais - e pela Bolsa que vimos ontem em cena, têm bastante que mostrar! E para se ter uma ideia mais ou menos clara, uma das Bolsas leva à cena um actor português, uma actriz brasileira e um actor moçambicano, e a outra Bolsa leva à cena Lourdes Norberto, com uma participação de Vítor de Sousa e Joana Capucho - só por isto as duas Bolsas são apostas ganhas, concordam? Mas o entreMITOS tem mais: tem dj em quatro noites, música ao vivo com Kumpania Algazarra e com Roda de Choro de Lisboa entre outros, tem happenings, tem workshops, tem conversas, documentários, ensaios abertos e tem o espaço da Fudição de Oeiras vestida a rigor para receber estes espectáculos que já deram ao entreMITOS um garante de sucesso, ou não estivessem todas as peças esgotadas ou em vias de esgotar.

O Culturesco foi ontem e gostou muito! Queria ir amanhã às duas apresentações (das peças «Pequenos Burgueses» e «Terra do Nunca») mas já tinham esgotado, passa por lá sexta com bilhetes reservados apenas para a peça «Pequenos Burgueses», porque a peça «Olhos nos Olhos» (a tal com a Lourdes Norberto) já está esgotada há algum tempo - mas a esperança é a última a morrer!

O entreMITOS, que este ano apela a uma aproximação cultural, conquistou-nos e nós esperamos ter-vos conquistado a pegar no telefone e a fazerem a vossa reserva o quanto antes! Passem pelo site do entreMITOS e descubram este mundo fantástico! Ah, todas as actividades são gratuitas, todas as peças custam 0 euros e isso é que é bom, e ainda melhor sinal o facto de estarem esgotadas: quer dizer que o público aderiu e está a ver a Arte que lhe estão a oferecer!

«Tudo Que Existe Entre Nós» - 7 de Setembro de 2010

Podem dizer que o título dito e escrito correctamente seria «Tudo O Que Existe Entre Nós», mas não é o caso. Este trabalho teatral está incluído na programação do entreMITOS - chamemos-lhe um Festival de Teatro... Para os entendidos é uma Mosta, porque se mostra mais do que uma vez determinado trabalho, mas para se explicar melhor podemos chamar-lhe apenas Festival - não se devem importar. Mas sobre o entreMITOS falamo-vos amanhã. Hoje é para falarmos sobre a peça que fomos hoje ver à Fundição de Oeiras.

A peça conta com um actor português, uma actriz brasileira e um actor moçambicano, e cruza a história e trajectória deles com as diferenças culturais que carregam na pele, no olhar e na forma de se expressar. Vivem de forma diferente, e isso demonstram-no desde logo, mas passam logo a mostrar o que os une. E o que os une é o amor - tema apresentado como ele próprio é vivido: com toques, com trocas, com cumplicidades, e claro, com alegrias e tristezas. E falam de paixão no seu mais simples sentido. E é assim que se passa um bom bocado, com música de Maria Rita ou de Paulo de Carvalho, que cantam como só eles sabem o amor.

E nós atrevemo-nos a dizer, que mais do que "o amor" das pessoas, o amor daqueles três actores é pelo Teatro!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Festa do Avante! 2010 - apostas Culturesco


É já amanhã que começa a Festa do Avante! A Festa do Avante é uma festa organizada por um partido político Português – O PCP (Partido Comunista Português).

Como tal, a Festa do Avante não é um festival como se diz por aí. A Festa do Avante, é uma FESTA no verdadeiro sentido da palavra que dura três dias! Dia 3, 4 e 5 de Setembro, se se dirigirem à Quinta da Atalaia (no Seixal) poderão:

1 - COMER BEM. A Festa do Avante, tem espalhada pelo recinto, "casas" que representam o Partido Comunista Português quer em Portugal, quer pelo mundo. Poderão então deliciar-se com belos chouriços, queijinhos, entremeadas, caldeiradas, leitões, feijoadas, borregos, assados disto e daquilo, comida Colombiana e Cubana (entre outras), o fantástico Bolo do Caco típico da Madeira (que me faz estar largos minutos na fila, mas que compensa bastante), e muitas outras delícias à vossa disposição. A oferta gastronómica desta Festa, é sem dúvida, imensa e sempre, sempre cheia de qualidade.

2 - OUVIR BOA MÚSICA. A Festa do Avante, conta com um palco principal (Palco 25 de Abril), por onde vão passar Pedro Abrunhosa e Comité Caviar, Bernardo Sasseti Trio, Deolinda, Diabo na Cruz, Expensive Soul, Os Dias de Raiva, Peste e Sida e Tim e Companheiros de Aventura, entre os principais.

Depois temos o Auditório 1º de Maio, dedicado na sua maioria a música Jazz Portuguesa e não só.

A casa de Setúbal, a casa de Santarém, e o palco Novos Valores, contam com música alternativa, duelos de hip-hop, música típica Portuguesa, surpresas, e coisas de que vocês não estão de todo, à espera.

Existem sempre diversos concertos em simultâneo. Os nomes por vezes não são conhecidos, nem vos chamam à atenção, mas se ficarem um bocadinho, garanto-vos, que em nenhum deles se vão arrepender.

3 - ABRIR HORIZONTES, DISCUTIR IDEIAS POLÍTICAS, OUVIR OPINIÕES. A Festa do Avante é uma festa de um partido político. Como tal, a política está presente. São muitos os debates, a propaganda, os cartazes, as manifestações e as discussões, mas se quiseres passar ao lado deste aspecto, tens total liberdade para o fazer!

No domingo, por volta das 18 horas, Jerónimo de Sousa – o líder do Partido Comunista Português há já alguns anos – sobe ao palco 25 de Abril para o comício.

4 - ACAMPAR. Pois claro que nesta Festa, não falta o espírito do campista. Podem acampar no parque de campismo perto do recinto, que esgota cedo, ou nas imediações da Festa. Arranjam sempre um buraquinho.

5 - UMA FESTA BARATA. A EP (Entrada Permanente) custa 19,90€ e dá entrada para os três dias – não tem é o campismo incluído.

O que me leva já desde 2006 à Festa do Avante, é o espírito que ali se cria. Deixam de ser pessoas, e passam a ser camaradas. Camaradas e amigos. Na Festa do Avante, todos são amigos. A Carvalhesa este ano, faz 25 anos. É uma música que toca na Festa várias vezes por dia, e que me arrepia sempre que falo nela, ou a ouço. É uma música, que te permite dançar da forma mais disparatada que te apetecer. Saltas ao som da música, abraças camaradas, gritas, corres, fazes o que tu quiseres, durante uns 5 minutos, ao som de uma música que passa várias vezes ao longo dos dias. O que mais me marca, nesta Festa, é toda a gente estar dispersa, e mal se ouvem os primeiros acordes, toda a gente pára e deixa o que estava a fazer, para descer a correr para o palco principal, e se juntar à multidão que já ali dança. Para muitos o aspecto político é o menos importante.

Apareçam, garanto-vos que vão querer voltar.


Texto de: Catarina Brandão

(correspondente Culturesco na Festa do Avante! 2010)



Nota: Este texto é da exclusiva responsabilidade da sua autora. Não representa, e não tem o objectivo de representar qualquer cor política do Projecto Culturesco, que mais não faz do que reconhecer nesta Festa uma mostra cultural e de reconhecimento do valor artístico de Portugal. Julgamos que mais do que uma Festa Comunista é uma Festa, uma Festa Portuguesa com Cultura e Arte de Portugal – e por isso, e só por isso, já merece o reconhecimento do Projecto Culturesco. A Catarina Brandão vai marcar presença e quando regressar conta-nos como tudo correu.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Bons Sons - crítica Culturesco

Tarda (muito) mas não falha. É este o momento em que vais saber a nossa opinião sobre o nosso último festival deste ano. É verdade… as aulas estão quase a começar, o trabalho também, e isso normalmente vem associado ao fim do verão, e naturalmente que os festivais se acabam. Assim sendo, aqui pelo Culturesco optámos que a melhor maneira de terminar a nossa vida festivaleiro-campista era num evento totalmente desconhecido para nós e que se apresentasse uma verdadeira alternativa a tudo o que vivemos até então.

Qualquer ideia que possam ter de um festival esqueçam-na. O Bons Sons foi mais do que um simples festival. Foi a vivência de música desconhecida mas de grande valor, foi a descoberta de uma aldeia e das suas gentes, foi o aprender que com pouco se pode fazer muito, e foi, acima de tudo, saber que as ideias nunca se esgotam. Se não vejamos, quem se lembraria de fechar uma aldeia, dar aos seus residentes uma pulseira de livre acesso, e durante um fim-de-semana viverem música, juventude, família, espírito livre e alma campista? Foi isso que encontrámos no Bons Sons’10. A aldeia escolhida dá pelo nome de Cem Soldos e fica muito perto de Tomar.

Em termos de música o que nos foi apresentado foi uma mão cheia de talento nacional. Dead Combo apresentaram o seu instrumental mais noctívago, e já os Melech Mechaya a festa da música com um palco imparável e com músicos exímios na arte de entreter. Depois tivemos direito a Terrakota e Dazkarieh, com músicas conhecidas do público, com anos de estrada, com álbuns editados e com uma energia fantástica, inundaram o largo Lopes-Graça (o principal largo da aldeia que acolhia o principal palco do festival) de boas-vibrações! Depois tivemos os Diabo na Cruz e os Diabo a Sete – duas bandas com a inspiração maléfica mas com muito boa música: dois grandes concertos, dois grandes momentos de verdadeiro valor artístico nacional – uns vêm de Coimbra (Diabo a Sete), os outros de Lisboa (Diabo na Cruz), uns têm história de alguns anos (Diabo a Sete), e os outros existem desde 2008 e são, para muitos (os ditos ‘entendidos na matéria’) a revelação da música nacional de 2010 (Diabo na Cruz) – apesar das diferenças, ambos nos deram grandes momentos, e deram ao Bons Sons’10 mais razões para se orgulhar! Passaram pela Igreja da aldeia Lula Pena e Norberto Lobo em dois concertos lotados ao que sabemos (porque fomos descobrir os arredores e não conseguimos chegar a tempo). B Fachada também subiu ao palco a solo (mais tarde subiu ao mesmo palco mas com os Diabo na Cruz), e conseguiu mais audiência na sua segunda prestação do que na primeira. Houve ainda tempo para dois espectáculos de Música para Crianças (estava apenas previsto um, mas a organização rapidamente encontrou outro horário para todos aqueles que não conseguiram assistir à primeira edição, porque lotou a sala num abrir e fechar de olhos); houve uma apresentação de dança com o espectáculo Madmud (também um sucesso!); houve duas sessões de curtas-metragens; houve uma tarde de domingo repleta de música tradicional com os Drama & Beiço (banda de Tomar que 40 minutos depois da hora prevista ainda não tinham subido ao palco – o que nos levou a desistir de os ver), com os Cantares Alentejanos de Serpa (os mesmo que passaram pela Zambujeira do Mar na bem-sucedida iniciativa Singalong Alentejano), e as Adufeiras de Monsanto; houve tempo para a passagem do documentário: «Significado: a música portuguesa se gostasse dela própria» (que passou em estreia no IndieLisboa deste ano); e houve tempo para nas três noites um dj animar os mais resistentes pela noite dentro (grande falha, ou grande ‘coisa-sem-sentido-nenhum’ que aconteceu com a dj Boopsie Cola, não?). Mas enfim, houve ainda tempo para encerrar com Fausto, o cantor da intervenção portuguesa que conta já com mais de trinta anos de carreira e que há algum tempo apresentou o espectáculo «Três Cantos» com Sérgio Godinho e José Mário Branco no Campo Pequeno.

Uma das particularidades deste Festival, e que em muito contribui para o seu verdadeiro sucesso, é o de em todas as edições existir um país da lusofonia convidado. E se na edição anterior esse país foi o Brasil, este ano o eleito foi Cabo Verde e de lá até Cem Soldos voou um Princezito que encantou e marcou a primeira noite de Bons Sons – a melhor maneira de começar!

Entretanto existiu uma ou outra falha de segurança, existiu um campismo com pouca sombra, mas o que fica é uma vivência única que em 2012 contamos repetir (porque só se realiza de 2 em 2 anos). Ainda carente de confirmação, ouvimos dizer que foram vendidos muitos acessos ao festival e que esse número superou todas as expectativas. Tirámos algumas fotografias que brevemente estarão disponíveis na nossa página do Facebook – adiciona-nos! E depois de tudo isto queremos deixar duas ideias: 1 – como é que um festival de aldeia, com um bilhete diário de 6 euros e apenas com música portuguesa (excepção feito ao Princezito) consegue melhor ambiente, melhores resultados do que os ditos ‘grandes festivais’?, e por último uma sugestão simples e que ao que parece seria eficaz: aldeias de Portugal, vejam o exemplo de Cem Soldos e façam nascer iniciativas como o Bons Sons – de certeza que não se iriam arrepender! Lembrar que tudo isto foi organizado por um grupo que quer privilegiar a sua aldeia em termos desportivos e culturais no formato de uma associação sem fins lucrativos: ainda há bons exemplos em Portugal – pena que poucos os copiem… Mas aqui pelo Culturesco ficámos fãs!