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domingo, 19 de setembro de 2010

«Uma Lição dos Alóes» - Teatro Municipal Mirita Casimiro (18-09-2010)


Os Aloés são as plantas que ocupam os pensamentos da personagem do conhecido actor Jorge Silva. Ou pelo menos é isso que tenta passar, porque, em pleno regime do apartheid, isso é o que menos importa. Transpiram-se sentimentos, vão-se vivendo vidas.
Já a personagem de Elsa Valentim, chega-nos com picos de loucura tão compreensivos e perfeitos, numa mistura de recordações e sentimentos que lhe fazem viver aquelas cenas com uma intensidade justa e mais do que merecida.
Depois temos o actor Daniel Martinho, actor angolano com forte presença nos palcos, telas e televisões portuguesas, que representa, a par com a personagem de Jorge o sonho da mudança, que hoje nos parece essencial ter para sobreviver num regime daqueles.
Estes são alguns dos ingredientes que constroem «Uma Lição dos Aloés» de Athol Fugard - o segundo autor mais representado, logo depois de Shakespeare. Mas ainda existe poesia e política, ideais e ideias, esperança e amizade. Num cenário incrivelmente bem conseguido, fomos ontem ver este espectáculo ao Teatro Municipal Mirita Casimiro, no dia anterior à sua despedida deste palco de Cascais, mas com certeza em direcção a novos palcos, com a esperança de encontrar novos públicos, que compreendam a mensagem do autor, daqueles actores, do seu encenador - José Peixoto, e da companhia de Teatro dos Aloés, que 15 anos depois de ter pegado neste texto pela primeira vez, volta a trabalhá-lo, e a reparar, como passados tantos anos ainda se mantém terrivelmente actual.
O Culturesco gostou, e aconselha a todos que, se tiverem possibilidade de assistir, pelos palcos portugueses a este trabalho, não percam, porque merece!

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